«Álvaro Cunhal é uma personalidade marcante, em Portugal e no mundo

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Rumo à Vitória - extracto


 Propagar slogans que adormeçam as vontades ou obscureçam horizontes aos trabalhadores em períodos socialmente agitados, tem sido e continua a ser uma arma usada desdemuito e ainda hoje eficaz. Ao realçar a nossa pequenez económica e geográfica, os ideólogos e os governantes-instrumentos do neoliberalismo reinante, procuram refrear as lutas que travamos e que é forçoso acelerar.

Este importante documento que li e distribui em 1965 veio-nos abrir horizontesRumo à Vitória”.

Quase meio século passado é possível aferir a justeza da análise e colher ensinamentos para as lutas que travamos.
 
«Há hoje, em Portugal, nas colónias e no estrangeiro quem diga: “Quando Angola ou Moçambique conquistarem a independência, a luta do povo português contra a ditadura fascista será extraordinariamente facilitada”. Esta forma de pôr o problema não é correcta. Faz lembrar essa outra que ouvimos durante anos: “Quando Franco cair, será mais fácil fazer cair Salazar”, sem se admitir, como se pode admitir, que a queda das ditaduras se pela ordem inversa. Que elementos permitem afirmar que a luta dos povos coloniais alcançará o seu objectivo da independência, antes que o povo português conquiste a democracia? Quando tais ideais partem de portugueses, elas representam uma posição comodista, de quem pretende que os outros façam o que lhe cabe a si fazer. Nós trabalhamos para libertar Portugal da ditadura fascista e não poupamos esforços para que seja no mais curto espaço de tempo. Depende de factores de ordem interna e internacional que seja o povo português ou sejam os povos coloniais a libertar-se primeiro. É prematuro afirmar-se quem o conseguirá. O que se pode afirmar é que a libertação de Angola, Moçambique e Guiné, a dar-se antes do derrubamento do fascismo, será um golpe a que o regime de Salazar dificilmente poderá sobreviver. Assim, também a conquista da Democracia pelo povo português, a dar-se antes, tornará inevitável, a muito curto prazo, a independência nacional dos povos das colónias portuguesas, condição da conquista da verdadeira independência de Portugal.»

1 comentário:

  1. Tão atual!!! E hoje continuamos a nossa luta pela conquista de uma alternativa que recupere a nossa independência.

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