Do blog «duas ou três coisas» 'notas pouco diárias', do Embaixador Francisco Seixas da Costa, transcreve-se este interessante apontamento:
«A propósito da história aqui contada, há
dias, sobre Álvaro
Cunhal, uma amiga relatou-me uma cena passada, nos idos de 70, no Palácio da Ajuda, durante um jantar de gala, na receção
de um chefe de Estado estrangeiro.
A esposa de um ministro português, senhora pouco dada ao mundo social e de um conservadorismo primário, pediu para falar com alguém responsável pela organização do jantar. A razão era simples: tinha sido
colocada ao lado de Álvaro Cunhal e, sem cerimónias,
adiantou que não queria comer "com um comunista ao lado" e
"logo com esse homem horroroso!".
Foi explicado à senhora que as regras do protocolo eram o que eram, que o "homem horroroso" era o líder de um dos partidos com assento parlamentar e que não era viável fazer mudanças de
lugares, porque isso implicaria ter de trocar outras pessoas, o que iria forçosamente gerar algum escândalo. À palavra "escândalo" - que mais tarde viria a atingir o seu marido, mas isso não faz parte desta história... -, a senhora acalmou
e lá se acomodou à ideia de ter de comer "com um comunista ao lado".
No final do jantar, a
diplomata cruzou-se com a senhora, ainda nos corredores da Ajuda, e
inquiriu como tinha corrido o repasto. A senhora estava radiante:
"Sabe? O Dr. Cunhal é simpatiquíssimo. Imagine que até conhecia os
nomes das heroínas dos romances de Madame
Delly!".
Permanecerá para todo o sempre em mistério a razão pela qual o líder comunista havia
lido romances típicos da adolescência feminina dos anos 50 e 60. Já agora, convém dizer que a Madame Delly era o
pseudónimo de dois escritores franceses.»
Estôria interessante.Quer do preconceito e ignorancia da senhora,quer do conhecimento dos livros cor de rosa,da parte do camarada.
ResponderEliminarUm abraco
Estôria interessante.Quer do preconceito e ignorancia da senhora,quer da parte do camarada,pelo conhecimento dos livros cor de rosa.Nao era preciso lë-los,bastava conhecer a temâtica e,com a inteligencia muito prôpria de Âlvaro Cunhal,falar sobre o assunto.
ResponderEliminarUm abraco