Transcrito de Praça do Bocage
(pracadobocage.worpress.com):
27 Domingo
Jan 2013
Homem de inultrapassável coragem pessoal, de uma firmeza ideológica que
nunca vacilou, com uma qualificação teórica bem enraizada e sempre inovadora, a
que aliava um profundo humanismo e uma cultura excepcional que transformava em
saber em todos os momentos, fazem de Álvaro Cunhal um dos maiores intelectuais e
políticos portugueses de sempre.
Celebra-se este ano o seu centenário. Momento para aprendermos mais sobre ele
e com ele, para se descobrir, superando o imediatismo de muitos sucessos, a
subtileza, a sofisticação, a profundidade do pensamento de um homem que com
extrema inteligência, bem ancorado em princípios incorruptíveis, desenvolvia
opções táticas, jogando em simultâneo em vários tabuleiros de xadrez, sem nunca
perder o norte estratégico. A sua excepcional capacidade de produzir a análise
concreta da realidade concreta.
Num país onde a mediocridade política sempre andou à solta vestida de
ouropéis que conferem importância a quem nunca a terá e que serão tragados a
médio prazo pela história, Álvaro Cunhal eleva-se de modo singular. Como dizia
Camões ditosa a pátria que tais filhos tem, raros são os que em Portugal se
podem equivaler a este homem excepcional.
Quando, um bando de insignificantes, vendilhões da pátria, faz viver Portugal
um momento trágico, em que se devem concitar todas as forças para não deixarmos
que o 24 de Abril volte com máscaras de uma democracia carnavalesca, celebrar o
centenário de Álvaro Cunhal é aprender, aprender sempre com a vida e com a
história a resistir patriótica, revolucionária e inteligentemente a todos
desafios que se coloquem. Por mais apertadas que sejam as curvas da história
nunca desistir. Essa uma das suas grandes lições.
Tudo o que se fizer para dar a conhecer este líder político, teórico e homem
da cultura não será excessivo. Celebrar o centenário de Álvaro Cunhal é
sobretudo uma oportunidade para dar a conhecer a dimensão de um homem impar.
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