«Álvaro Cunhal é uma personalidade marcante, em Portugal e no mundo

segunda-feira, 20 de maio de 2013

A GAZETA SALOIA



A GAZETA SALOIA

Ao visitarexposição --- Álvaro Cunhal «Vida, Pensamento e Luta: Exemplo que se projecta na actualidade e no futuro» --- presente na Sala do Risco, ao Terreiro do Paço, Lisboa, até 2 de junho de 2013, não deixa de nos ocorrer o intimista poema de Maria Eugénia Cunhal, irmã de Álvaro Cunhal:
 
Quando vieres 
Encontrarás tudo como quando partiste.
A mãe bordará a um canto da sala...
Apenas os cabelos mais brancos
E o olhar mais cansado.
O pai fumará o cigarro depois do jantar
E lerá o jornal.

Quando vieres
não encontrarás aquela menina de saias curtas
E cabelos entrançados
Que deixaste um dia.
Mas os meus filhos brincarão nos teus joelhos
Como se te tivessem sempre conhecido.

Quando vieres
Nenhum de nós dirá nada
Mas a mãe largará o bordado
pai largará o jornal
As crianças os brinquedos
E abriremos para ti os nossos corações,

Pois quando tu vieres
Não és tu que vens
É todo um mundo novo que despontará fora
Quando vieres.

Maria Eugénia Cunhal

in "Silêncio de Vidro", Maria Eugénia Cunhal, Lisboa, 1962
 ( Álvaro Cunhal, 14 anos mais velho que a irmã, estivera na prisão durante 11 anos e fugira 2 anos antes. E tinha saído do país. Veio em 1974.)
 

1 comentário:

  1. Lindo. Já algumas vezes transcrevi o poema. Outras o farei.
    E esta influência e este amor fraternos, esta ligação familiar que a Eugénia e o Álvaro ilustram (sem exibir!) é uma das muitas lições de vida que eles nos dão. Sempre no meio dos outros, com os outros, sempre a lutar pelo mundo novo. Que virá.

    Obrigado.

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