Calhou-me, ontem, intervir na iniciativa pública da União dos Sindicatos de Lisboa relativa ao centenário do nascimento de Álvaro Cunhal, sob o tema "As nacionalizações e o controlo operário".
Para a preparação dessa tarefa-intervenção, reli de novo, folheando, o relatório de Álvaro Cunhal "Rumo à Vitória", de 1964 (volume III de Obras Escolhidas).
No meio de outras intervenções, procurei contribuir para a iniciativa com o que outro interveniente chamou a "visão antecipada" que exemplarmente se ilustra naquele relatório (e livro).
Citei trechos em que, nesse relatório, Álvaro Cunhal - como um Mestre (tal qual ele próprio definiu referindo-se a Lenine) - procura, em colectivo, a verdade dialéctica do constante desenvolvimento da sociedade. E acertou. Nos passos em frente e nos passos atrás. Não para "adivinhar" mas para intervir no sentido do progresso social.
Mas não é esta "informação" que me traz aqui ao blog. É, sim, a comprovação, mais uma vez repetida, do fundamento teórico-ideológico (de classe) em que Álvaro Cunhal escorava as suas "visões antecipadas" para uma intervenção adequada aos objectivos sociais e à correlação de forças.
Nesse e noutros textos que adrede consultei, lá estão as referências - nem sempre explicitadas - a Marx e a Lenine, lá está, a propósito de sindicalismo, o problema do sectarismo, lá se encontra a questão do trabalho não pago, lá se releva a importância do horário de trabalho, lá se desenvolvem considerações, hoje mais que confirmadas, sobre o processo de integração económica europeia (então, em 1964, com Portugal "a 7" e com "um pé dentro e outro fora do Mercado Comum"), com a advertência para a prevista dominação dos monopólios a partir da recuperação da Alemanha (então Ocidental).
Como nós precisamos de estudar, de aprender sempre, para melhor intervir! Como nos ensinam os mestres.
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