O dia a dia é uma “coisa” com muito menos
charme do que um Centenário. Provavelmente, no entanto, é muito mais
significante!
Ao passo que num Centenário se juntam pessoas
“importantes”, intelectuais, artistas, pessoas com coisas marcantes para dizer,
com estórias pungentes para contar, com “mão” para fazer História... no dia a
dia pouco mais vemos (a olho nu) do que o desfile das pessoas “normais”, com o
cortejo das suas vidas únicas, pessoais, apenas humanas.
Acabado o Centenário de Álvaro Cunhal,
entramos novamente no (só aparentemente) vulgar dia a dia da sua memória. Aí já
não conta o espectáculo, mas sim o intransmissível calor sereno do que nos
ficou do seu exemplo, do seu pensamento, da sua obra, da longa sedimentação das
muitas estórias vividas.
Para o Centenário, estuda-se. Ensaiam-se
frases e poses. Ajeitamo-nos para melhor apanhar o cone de luz dos projectores.
No dia a dia improvisa-se!
O improviso – pelo menos na minha área de
actividade - é a utilização não calculada, nem calculista, do nosso melhor. De
doses concentradas de tudo o que aprendemos e que, subitamente, servem uma
ideia, um propósito.
Neste normal dia a dia na companhia da memória
de Álvaro Cunhal, que agora recomeça, provavelmente não reencontrarei amiúde muitos
dos que se “mostraram” no Centenário...
Felizmente, irei encontrando muitos dos
outros! Aqueles que transportam muito menos Cunhal na boca... do que nos actos
e convicções.
Vemo-nos, então, por aí!!!
Muito justo e oportuno post! Sobretudo adequado à metodologia defendida pela personalidade objecto do Centenário!...
ResponderEliminarAbraço.