«Álvaro Cunhal é uma personalidade marcante, em Portugal e no mundo

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Em vésperas de Congresso Álvaro Cunhal

Numa espécie de diário que vou escrevendo, hoje saiu-me "isto", como reflexão anterior e dedicada ao Congresso Álvaro Cunhal do próximo fim-de-semana:

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Com outro estado de espírito, vou atirar-me ao trabalho, ao trabalho que tinha programado.
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A começar por aqui (a jeito de trampolim), e pelo tenho vindo a pensar e a preparar sobre
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Se os Tomos I e II das Obras Escolhidas de Álvaro Cunhal são como que o repositório dos caboucos da vida, pensamento e obra, o Tomo III contém o que se pode considerar o (um) salto qualitativo.
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Depois dos textos e notas da juventude, ou de jovem idade, no Tomo I, em que se encontra toda a consistência de uma posição perante a vida – e que fazer dela, da nossa, da que só de cada um de nós é –, o que se ilustra num texto antológico como é “um problema de consciência”, o Tomo II inclui a sua intervenção perante o Tribunal Plenário (de 2 de Maio de 1950) e documentos vários da prisão (da Penitenciária e de Peniche), entre Novembro de 1949 e Fevereiro de 1957.   
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Entre textos e tomadas de posição que, no plano partidário e/ou relativos à situação nacional e internacional, estes documentos são peças do maior interesse, não só biográfico mas – mais relevante – como afirmação de uma posição ideológica de uma firmeza inabalável.
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É essa consistência e coerência ideológica que atravessa toda uma vida que toma plena expressão no Tomo III (mais de 800 páginas) que, como Francisco Melo sublinha no prefácio, abrange um período de menos de dois anos (1964-1966) mas com documentos da maior importância para a caracterização e relevância da intervenção de Álvaro Cunhal.   
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Nada menos que o Rumo â Vitória (de Abril de 1964), Relatório da Actividade do CC ao VI Congresso do Partido (de 1965) e a Contribuição para o Estudo da Questão Agrária (de 1966)!
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Como antelóquio escolhido pelo prefaciador lá está:“Uma exigência incondicional da teoria marxista na análise de qualquer questão social é a sua colocação dentro de um quadro histórico determinado, e depois, se se tratar de um só país (por exemplo do programa nacional para um dado país), a consideração das peculiaridades concretas que distinguem esse país nos limites de uma e mesma época histórica.” citando Lenine.
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E é precisamente no livro sobre a questão agrária em Portugal, editado no Brasil em 1968, mas com um prefácio de Álvaro Cunhal, que o data de Fevereiro de 1966, e que foi a primeira obra publicada de Cunhal que comprei e li.
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E confesso a verdadeira impressão que o estudo, editado depois em edições avante!, com título “mais modesto”, em 1976, me provocou – e mais me provoca! – como ilustração de um exercício de teoria assimilada e testada, e posta em prática com base teórica.    
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E em que condições foi ela testada!
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O livro - ou os cadernos com o seu original -, foi escrito por Álvaro Cunhal na Penitenciária e em Peniche, tendo os manuscritos acompanhado o seu percurso de preso político... menos a fuga (acho eu!)
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Em “cadernos da prisão” vêem-se alguns pormenores dessa verdadeira “epopeia” que foi a luta diária de Álvaro Cunhal para ter documentação e material de escrita (e pintura) e creio que só a minha inépcia a funcionar com o vídeo das edições avante! me impede de trazer alguns deles para aqui, como seria interessante.
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O pedido e a recusa da máquina de escrever por uns dias, por exemplo,,,
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O pedido, pelo punho do Álvaro, a recusa… dactilografada e assinada pelo director da prisão.
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O pedido, em 1950, para ver o sobrinho, então nascido, e a autorização de meia-hora no gabinete do director… mas vigiado!
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O tempo que eu aqui ficaria!...
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Mas, sobre a questão agrária, quero registar, como o faz Francisco Melo, o quanto Álvaro Cunhal insiste na recusa da tecla fascista (e não só...) da pobreza de recursos de Portugal.
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O estudo a que Álvaro Cunhal procedeu é, dir-se-ia, exaustivo... para as condições em que foi feito.
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Aliás, são muito interessantes e elucidativos, quer o prefácio ao tomo III quer as notas que acompanham a publicação – em 350 páginas compactas de tipo miúdo – da intitulada “contribuição para o estudo da questão agrária”.  
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Essa mudança de título foi, decerto, provocada por Álvaro Cunhal, por lhe parecer que seria pretensioso o título da edição brasileira e mais adequado seria chamar, ao estudo, contribuição para…
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É mesmo de Mestre!
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Releio (recreio-me?) com dois parágrafos:
(…)
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Mas será outra a abordagem da intervenção 
a que me auto-propus ao inscrever-me no Congresso.

(…)

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