«Álvaro Cunhal é uma personalidade marcante, em Portugal e no mundo

domingo, 1 de dezembro de 2013

Abertura da Exposição Álvaro Cunhal, no Porto



Intervenção de Jerónimo de Sousa, Secretário-Geral, Porto, Acto de abertura da Exposição «Álvaro Cunhal – Vida, Pensamento e Luta: Exemplo que se Projecta na Actualidade e no Futuro »

Em nome do Partido Comunista Português a todos saúdo e agradeço a vossa presença em mais este marcante acontecimento do intenso e diversificado calendário de iniciativas que estamos a levar a cabo no âmbito das comemorações do nascimento de Álvaro Cunhal.
A exposição que agora se abre e se dá a conhecer ao povo da cidade do Porto e de toda a Região Norte, para além da homenagem e do reconhecimento que encerra à figura ímpar de Álvaro Cunhal, à sua vida, à sua actividade política, à sua e nossa luta, ao seu pensamento e à sua obra é, pelo seu valor informativo, didáctico e estético, de grande utilidade para quem quiser conhecer não o seu percurso de revolucionário corajoso e integro, comunista de toda a vida, de uma vida densa e multifacetada, mas também o desenrolar do próprio fio de história do último século, nos seus momentos mais expressivos e significativos, no plano nacional e internacional.
De uma história onde Álvaro Cunhal não foi apenas um mero espectador, mas desde muito jovem um activo protagonista, um construtor de novas realidades nos domínios da política, da arte e da cultura.
Um revolucionário de corpo inteiro cujo trajecto, como podereis verificar, está impresso de forma indelével na história da luta do movimento operário por um projecto de emancipação social e contra a exploração, e na história do nosso povo pela conquista da liberdade, da democracia, por um projecto de desenvolvimento ao serviço do país e do povo, por uma sociedade nova e pela independência nacional deste país quase milenar.
Esta exposição que ides ver, mostra o percurso de um revolucionário que transporta consigo uma história que conta outras histórias, pessoais e colectivas. Uma história de uma vida que está dentro de uma história maior, a História do seu Partido – o PCP – e que, por sua vez, se confunde com a História do nosso povo nestes quase cem anos que nos separam da sua criação.
Deste Partido que ajudou a construir de forma marcante a partir dos anos 40 e que, como nunca nos cansaremos de afirmar, não seria o que é, com as suas características e identidade, sem o contributo de Álvaro Cunhal, nem Álvaro Cunhal seria o que foi sem este Partido Comunista Português.
Uma
história de vida e um percurso que inicia inspirado nos valores e realizações da Revolução de Outubro e selando um compromisso de honra de uma vida inteiramente dedicada à luta da emancipação dos trabalhadores e dos povos, ao movimento de libertação nacional, à paz, ao socialismo, ao projecto comunista.
Um compromisso tomado quando o nosso país enfrentava a tragédia do fascismo e no horizonte se perfilavam as nuvens negras que transportavam a tragédia da guerra que, em breve, se iria abater sobre o mundo. Um compromisso de grande coragem, num tempo, como ele próprio descrevia então, ser um tempo de grandes opções e terríveis ameaças para a humanidade.
Um percurso de intervenção e de luta que Álvaro Cunhal percorrerá até ao dia em que nos deixou pela imperativa imposição das leis da vida, com uma indomável determinação e grande abnegação, resistindo às mais terríveis e duras provas em dezenas de anos de vida clandestina e prisão, sem capitulação e com a dignidade e nobreza dos combatentes convictos.
Um percurso feito de vitórias e derrotas, avanços e recuos, enfrentando inimigos terríveis e sem escrúpulos. Mas um percurso de alegrias e de confiança. De alegrias sentidas e partilhadas por quem está na luta e por quem luta. De confiança nos seus companheiros de jornada e de projecto. De confiança nos trabalhadores, na juventude, no nosso povo.
Personalidade fascinante, Álvaro Cunhal foi um dirigente político experimentado e perseverante, estudioso e conhecedor da realidade portuguesa e das relações internacionais. Álvaro Cunhal dedicou toda a sua vida à solução dos problemas da sociedade portuguesa e à concretização de um projecto de desenvolvimento ao serviço do país e do povo, por uma sociedade nova e pela independência nacional.
Isso vê-se em toda a sua extensa e diversificada obra e em toda a sua acção e intervenção política, partidária e institucional e na capacidade que Álvaro Cunhal revela de olhar ao mesmo tempo para o passado e para o futuro, tendo sempre em conta a realidade do presente e a ideia que o futuro se constrói com a luta de hoje.
Essa capacidade de olhar para o passado, para a profundidade da história, como Álvaro Cunhal o fez em «A luta de Classes em Portugal em finais da Idade Média» e onde encontra e mostra nesse combate decisivo para a nossa independência como povo, um combate que hoje novamente travamos quando o país está confrontado com a ingerência estrangeira.
A mesma capacidade para olhar e projectar o futuro como o fez em «Rumo à Vitória» essa obra notável onde se define o Programa para a «Revolução Democrática e Nacional» e das orientações e tarefas para a sua realização e que, inquestionavelmente, criou condições para a Revolução de Abril, a sua defesa e consolidação, e para as profundas transformações revolucionárias operadas na sociedade portuguesa.
Transformações que se traduziram em importantes conquistas dos trabalhadores e do povo português, em defesa das quais Álvaro Cunhal dedicou o melhor do seu saber, da sua experiência e da sua intervenção, como dirigente do PCP, como Deputado, como Ministro da República nos Governos Provisórios, como Conselheiro de Estado e que a exposição que agora se inaugura bem retrata.
Um percurso de uma vida que marca a diferença e que, estamos certos, não se dissolverá na memória dos homens, pelo seu exemplo de intrépido combatente pela liberdade, a democracia, o socialismo, porque o seu combate necessário e justo tem continuadores que encontram na sua vida, na sua luta, no seu pensamento uma referência e uma fonte de inspiração.
Intelectual, homem de conhecimento, possuidor de uma densa cultura e de uma grande dimensão humanista, deixou-nos um valioso legado teórico de estudos e análise política, mas igualmente uma importante produção artística, nomeadamente no campo da estética, da criação literária e nas artes plásticas, traduzida numa dezena de obras literárias, desenhos e pinturas, mas também importantes reflexões teóricas sobre as questões de arte e estética.
Uma obra diversificada e de grande riqueza e actualidade que é um património de todos os que aspiram construir um mundo melhor e mais justo.
Álvaro Cunhal deixou-nos
um imenso legado que esta exposiçãotestemunho.
Deixa-nos, desde logo, esse grande exemplo da entrega desinteressada ao serviço de uma causa justa que abraçou. Uma concepção e uma prática política de recusa de vantagens e privilégios sociais. Uma concepção do exercício da actividade política realizada para servir o povo e o país, e não os interesses pessoais ou de grupo, e que nos tempos que correm assume uma grande actualidade.
Deixa-nos o exemplo do homem, do comunista e do intelectual e criador que decidiu escolher e seguir o caminho do combate contra a exploração, a opressão e a guerra, um caminho percorrido do lado e ao lado dos oprimidos, o caminho da dignidade da vida, da honra, da justiça!
Um caminho de uma vida vivida de cabeça erguida, feita de verticalidade, inteireza de carácter, de coerência e coragem, de busca incessante dos caminhos da vitória sobre a injustiça e as desigualdades, e na procura da concretização desse sonho milenar da construção de uma sociedade liberta da exploração do homem pelo outro homem.
Esse sonho que deu sentido à vida de Álvaro Cunhal e que continua a dar hoje sentido às nossas vidas!

1 comentário:

  1. Álvaro Cunhal deixou-nos uma herança que não podemos desperdiçar ,a luta pela construção de um Mundo Novo, à qual dedicou toda a sua vida, não deixando de se afirmar como um HOMEM INTEIRO pela cultura,pelo trabalho intelectual, pelo seu sentido artística, pelo amor à família , pela afabilidade, tudo bem patente nesta magnífica exposição
    .A sua obra não pertence só a Portugal. Pertence à Humanidade.

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