«Álvaro Cunhal é uma personalidade marcante, em Portugal e no mundo

sábado, 30 de março de 2013

De conversavinagrada.blogspot.com

Álvaro Cunhal, 

"Porque nenhum de nós anda sozinho/E até mortos vão a nosso lado"


"Como, estás louco? Mesmo sem olhos um homem pode ver como anda o mundo. Olha com as orelhas. como aquele juiz ofende aquele humilde ladrão. Escuta com o ouvido, troca os dois de lugar, como pedras nas mãos; qual o juiz, qual o ladrão?"  (Rei Lear)

(A morte de Cordelia – filha do Rei Lear)


Eu, que sou corpo e apenas porta-voz do que decidem o Meu Contrário e a Minha Alma, venho cumprir o compromisso de aqui escrever sobre o homem, o escritor, o artista, o ensaísta, o resistente, o lutador, o político, todas as semanas durante todo um ano em que se celebrará o centenário o seu nascimento. Escolheram, Minha Alma e Meu Contrário, que escrevesse hoje sobre Rei Lear, peça de William Shakespeare, e que Álvaro Cunhal traduziu em reclusão (entre 1953 e 1955, na cadeia de Lisboa, sob o pseudónimo Maria Manuela Serpa). Minha Alma e Meu Contrário me aconselharam a que o fizesse: sem esquecer o que terá sido o feito, em tais condições de privação da liberdade; o que terá sido o feito, sobre a pressão de quem levava vida perseguida; o que terá sido o feito, se quem o fez não saberia se o dia seguinte iria existir... Não saberemos nós como o pensar, por ser inimaginável que tivesse superado a adversidade e deixado tal obra acabada e em condições de merecer elevados elogios, por quem faz oficio de tradução o seu próprio ganha pão. Sobre a escolha de Rei Lear para tal trabalho, Minha Alma não tem dúvidas, a trama e o drama, além de permanecerem actuais, reúnem todos os valores (e a sua ausência) que justificam e explicam a sua luta. Meu Contrário realça o desafio, vencido, que expõe o intelectual  perante si mesmo, e acha o feito extraordinário: como foi possível, rodeado de esbirros e de ratos?


In “blog” – Conversa avinagrada.
Obrigados!

2 comentários:

  1. Claro que estou comovido, mas não venho aqui comentar o facto. Venho sim declarar que abandonei o compromisso referido neste meu texto de passar a editar semanalmente um texto sobre Álvaro Cunhal. Decidi deixar de fazê-lo na data em que conheci este vosso (nosso) espaço e porque não fazia sentido repetir objectivos quando a hora é de conjugar esforços.

    Obrigado, duplamente.

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  2. Felizmente que a Tua Alma e o Teu Contrário encontraram um corpo capaz de falar assim sobre um dos nossos Maiores.

    Abraço

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